sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Quatro obras e a “coincidência”!


Quatro obras e a “coincidência”! O que eu aprendi com "Aventuras de Pi”, “Max e os Felinos”,  “Rio” e a “A Caturrita Americana”

Ontem pela manhã resolvi dar uma pausa nas minhas leituras e trabalhos e pedi para minha afilhada encontrar na internet dois filmes que estava curioso por assistir. Ela os localizou num espaço que considero de democratização da cultura, o pirate bay.
Tratam-se dos filmes norte-americanos: Django Livre (2012), dirigido por Tarantino e As Aventuras de PI (2012), do diretor Ang Lee. Dois diferentes filmes. Preferi o Tarantino. Aliás, do meu ponto de vista, uma obra prima. A forma como é exposta a questão da escravidão em Django Unchained é impactante. Quentin Tarantino é demais!
Mas Bom! Encerro minhas críticas comparativas sobre esses filmes por aqui. Não são o objetivo desta reflexão. Em verdade quero falar de outro tema, de uma relação entre “As Aventuras de Pi” e as outras três obras que compõe a primeira parte do título: Quatro obras e a “coincidência”.
Assisti ao filme de Ang Lee ontem à noite e o considerei bem interessante e instigante. Acordei inquieto, porque não havia conseguido fazer algumas conexões. Quando fui buscar informações na internet sobre suas metáforas e alegorias, fui surpreendido por uma matéria da Folha de São Paulo acerca da acusação de plágio relacionado com o livro que, roteirizado, deu origem ao filme.
Em resumo, no ano de 2002, o escritor canadense Yann Martel, autor de "As Aventuras de Pi", foi acusado pela mídia internacional de ter plagiado a história "Max e os Felinos", do gaúcho Moacyr Scliar (1937-2011). Sem o objetivo de aprofundar a polêmica discussão sobre o tema, me sinto obrigado a dizer que parece ser muitas “coincidências”. Como síntese ilustrativa disso, sugiro que aqueles que viram o filme olhem a capa do livro. As associações são imediatas.
 
 
Mas isso não importa! Pelo que se pode ver do que foi escrito sobre o tema, Yan Martel, assumiu, em parte, que foi inspirado pelo livro “Max e os felinos”. Inclusive, Moacir Scliar, na entrevista disponível no site da Folha, fala com tranquilidade e revelou na época que não tomaria qualquer providência em relação a o fato. (site:http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/1218896-autor-de-as-aventuras-de-pi-e-suspeito-de-plagiar-brasileiro.shtml)
Dando continuidade. Ainda assistindo a entrevista, recordei de outro caso que envolve uma “coincidência” entre um filme norte-americano e uma obra literária gaúcha. Relacionado com as “similitudes” entre as histórias da arara azul Blu e da Caturrita Darling.
 
 
Aqui aparecem, o filme “Rio”, lançado em 2011, dirigido por Carlos Saldanha, e que concorreu ao Oscar na categoria de melhor canção em 2012, e o livro infantil do escritor Alcy Cheuiche “A Caturrita Americana”, da Editora Libretos lançada em 2009.
Gostaria de registrar que sobre essa relação, quem me alertou foi o amigo Luciano Lutz, conhecedor da obra de Cheuiche, por ser seu aluno em oficinas de criação literária. Mas, em razão de uma contaminação paranoide, reservo-me o direito de dizer que realmente são muitas “coincidências”. Sobre isso, também, procurei na internet. Mas não encontrei nada escrito, nem falado.
Convido todos a ler o livro e ver o filme para que possam tirar suas próprias conclusões.
Finalizando, lembro ainda que quando eu e meu querido amigo conversamos sobre isso, me disse ele que teve a oportunidade de questionar o escritor Alcy Cheuiche, acerca do que faria, o qual por “coincidência”, da mesma forma que Moacir Scliar respondeu, com humildade: “Eu acredito que duas pessoas podem ter a mesma ideia!”
Quanto a segunda parte do título: O que eu aprendi? Entre outras coisas, que já passa da hora de retornar para minha tese de doutorado e que devo – imediatamente – refazer minha “pesquisa de estado da arte” no banco de teses e dissertações da CAPES, para evitar “coincidências”!
Marcelo Oliveira de Moura
25/01/2013

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

As agências executivas como máquinas de policiar: tratando-se de sistema penal todos os policiais são vítimas!




Inicialmente, importante destacar que esta reflexão não tem qualquer objetivo de criar polêmica acerca do equívoco ou acerto das duas ações policiais que mencionarei abaixo.

Hoje durante a manhã, pela internet, tomei conhecimento dos dois fatos lamentáveis envolvendo agentes das policias militar e civil do Estado do Rio Grande do Sul.

Um primeiro caso, de um policial civil que reagiu a um assalto em um estabelecimento comercial na cidade de Porto Alegre e acabou, assim como sua mãe que o acompanhava, morto em troca de tiros com os assaltantes. (http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/policia/noticia/2013/01/mae-e-filho-policial-sao-mortos-a-tiros-em-porto-alegre-4018689.html)

No segundo caso, também na capital gaúcha, um agente da Brigada Militar, no interior de um trem (Trensurb), buscando dar conta de um “tumulto” causado por um homem que portava uma faca e ameaçava os passageiros, dispara contra o abdômen do mesmo, sendo que o projétil transpassa o corpo lesionandoa perna de um passageiro do coletivo. (http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/01/policial-atira-em-suspeito-que-ameacava-passageiros-com-uma-faca-no-trensurb-4018879.html)

Os dois episódios encontram, por óbvio, inúmeras conexões. No entanto, gostaria de destacar um aspecto relacionado com um debate que me parece abandonado (ou ocultado) no âmbito das nossas discussões (especialmente acadêmicas) e que encontrei, pela primeira vez, sugerido no capítulo quarto do livro clássico “Em busca das penas perdidas” do jurista latino-americano Eugenio Raúl Zaffaroni, cuja denominação utilizo na primeira parte do título: as agências executivas como máquinas de policiar!

Neste livro, cuja primeira edição nos remete para o início dos anos 90, Zaffaroni já alertava: Tem se falado bastante, nos últimos anos, no processo de criminalização, mas tem-se falado muito pouco no processo de policização, igualmente deteriorante... (p. 138). Resumidamente, ele representa um processo de deterioração daqueles que se incorporam às chamadas agências militarizadas do sistema penal (destaca-se aqui as polícias militares e civis, sendo estas últimas também consideradas militarizadas em sua estruturação e regulação) e que promove o esfacelamento da identidade original e substituição por uma identidade artificial, funcional ao exercício do poder da agência (p. 141).

Tal processo é, sem dúvida, de caráter complexo e multifacetado e a apreciação aprofundada dele não cabe neste pequeno texto.

Apenas gostaria de destacar aquilo que, desde meu ponto de vista, está relacionado com a produção dos “estereótipos do policial e sua profecia auto-realizadora” como “herói”, “justiceiro”, uma espécie de “Stallone Cobra” (o crime é a doença eu sou a cura). Aquele que na “guerra contra o inimigo”, na “luta contra o crime”, é empurrado a comportar-se ora como homicida, ora como suicida.
Aqui se começa a perceber o liame olvidado entre os dois casos: indiferença em relação à morte alheia e coragem nos limites suicidas, que são produzidos por discursos moralizantes das próprias instituições policiais e potencializados pela mídia.

Parece-me que se revelam aqui dimensões importantes no que diz respeito à “socialização policial violenta” do agente, o que, resgatando a segunda parte do título, nos mostra: tratando-se de sistema penal todos os policiais são vítimas!




quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Piadinha...

Dois professores universitários encontram-se e dialogam:

- O meu é maior!
- Não... o meu é maior!
- Então mostra!?

           lattes.cnpq.br/

Ditirambos Abolicionistas


" O sistema penal não é o que não pode ser... não é..."

(intersecções entre Michel Foucault, Luiz Antônio Bogo Chies e Titãs)

Homo Lattes


O 'homo lattes' é o acadêmico desprovido de força vital, daquilo que o dignifica, entregue à violência que colonizou os espaços de produção do conhecimento (universidades)... uma vida sacrificada...

(reflexões construídas no diálogo travado com Thiago Fabres e Giorgio Agamben)